Sabe como é calculado o preço dos combustíveis?

Poucas coisas mexem tanto com o dia a dia dos portugueses como o preço dos combustíveis. É fácil apontar o dedo ao Governo, às gasolineiras ou à cotação do petróleo, mas a verdade é que o valor que pagamos no posto resulta da soma de vários fatores. 

 

Afinal, de onde vêm estas variações e porque é que Portugal está sempre entre os países com preços mais altos? Vamos por partes.

Como se calcula o preço dos combustíveis?

Senhor a pegar a mangueira do combustível

O valor final da gasolina e do gasóleo em Portugal não depende apenas do preço do petróleo bruto. Na verdade, há várias parcelas que se juntam até chegar ao preço que vemos na bomba.

 

Cotações internacionais dos produtos refinados

A gasolina e o gasóleo resultam de um processo de refinação do petróleo e, por isso, têm uma cotação própria nos mercados internacionais. Esta pode variar de um dia para o outro devido a fatores como a procura global, tensões geopolíticas ou até problemas de transporte marítimo que afetem as rotas de abastecimento.

 

A influência da taxa de câmbio

Como o petróleo é negociado em dólares, qualquer valorização da moeda norte-americana face ao euro torna as importações mais caras. Tal significa que, mesmo que a cotação do crude não suba, o preço pago em euros pode aumentar.

 

Custos de transporte e distribuição

Depois de refinados, os combustíveis têm de chegar até Portugal e, posteriormente, aos postos de abastecimento. O frete marítimo, o armazenamento e a logística de distribuição nacional têm custos que são inevitavelmente refletidos no preço final.

 

A obrigatoriedade da incorporação de biocombustíveis

Para cumprir as metas ambientais da União Europeia, é obrigatório misturar biocombustíveis à gasolina e ao gasóleo, que tem custos próprios e vai aumentando gradualmente: em 2025 é de 13% e continuará a subir nos anos seguintes.

 

Reservas estratégicas de combustíveis

Portugal é obrigado a manter reservas estratégicas para garantir a segurança do abastecimento em caso de crise. A gestão está a cargo da ENSE (Entidade Nacional para o Setor Energético), e os custos associados à constituição e manutenção desses stocks também entram no cálculo do preço.

 

O peso dos impostos

Mais de metade do que pagamos ao abastecer corresponde a impostos. Entre o IVA e o ISP, esta revela-se a parcela mais pesada na formação do preço, e aumenta sempre que o preço-base dos combustíveis sobe.

 

As margens das gasolineiras

Por fim, ainda entram em conta as margens de comercialização. Representam em média cerca de 10% do preço final e incluem custos operacionais e de funcionamento das empresas distribuidoras.

Porque é que os preços do combustível não descem quando o petróleo baixa?

Imagem de dinheiro

É uma dúvida comum: se o barril de Brent cai, porque é que a gasolina não acompanha logo? E a explicação é simples. O petróleo em bruto pesa apenas uma parte do preço final (cerca de 25%). O resto, como referido acima, são impostos, biocombustíveis e custos logísticos, que não variam com a mesma rapidez. Por isso, a descida sente-se apenas na proporção correspondente.

 

E em Portugal, pagamos mais pelo combustível que no resto da Europa?

Sim. Os boletins mais recentes da União Europeia (2.º trimestre de 2025) confirmam que Portugal está entre os países com combustíveis mais caros da UE-27. O principal motivo? A carga fiscal. 
 

Com impostos incluídos, a gasolina e o gasóleo são mais caros em Portugal do que em Espanha, embora sem impostos o preço nacional seja ligeiramente mais baixo

 

O que tem feito o Governo?

Desde 2022, com o início da guerra na Ucrânia e a instabilidade nos mercados energéticos, o Governo tem aplicado medidas temporárias, sobretudo através da redução do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos). A medida tem ajudado a atenuar as subidas, mas a verdade é que mesmo com esse apoio, abastecer continua a pesar bastante no orçamento das famílias.

O futuro: transição energética

A subida dos preços dos combustíveis fósseis é, de facto, um desafio para a carteira mas também serve de catalisador para acelerar a transição energética, em marcha já na Europa.

 

De acordo com as metas definidas pela União Europeia, Portugal terá de reduzir de forma progressiva a sua dependência do petróleo e apostar em alternativas mais limpas. Isso traduz-se em várias mudanças:

  • Maior incorporação de biocombustíveis: como já vimos, em 2025 a taxa obrigatória passou para 13% e continuará a crescer até 16% em 2029;
  • Expansão da mobilidade elétrica: o número de veículos elétricos e híbridos plug-in tem vindo a aumentar em Portugal, e o investimento em pontos de carregamento públicos vai continuar a crescer;
  • Novas fontes de energia renovável: o hidrogénio verde, por exemplo, está a ganhar espaço como alternativa viável para setores onde a eletrificação total é mais difícil (como transportes pesados ou aviação);
  • Políticas de incentivo: apoios fiscais e programas de incentivo à compra de carros elétricos ou híbridos, bem como à instalação de painéis solares e carregadores domésticos.

Para os consumidores, isto significa que, nos próximos anos, haverá cada vez mais opções para reduzir a dependência da gasolina e do gasóleo. Mesmo que os combustíveis fósseis continuem a ser usados durante muito tempo, a tendência aponta para uma diversificação de soluções energéticas que pode aliviar os orçamentos familiares e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de carbono.

 

E enquanto o futuro da energia e da mobilidade avança, há algo que continua a ser prioridade: a segurança na estrada. A Carglass® está ao seu lado para reparar ou substituir o vidro, calibrar os sistemas ADAS e manter o seu carro pronto para qualquer viagem. Fale connosco e marque online!