Num mundo tão conectado como o atual, o telemóvel já é praticamente uma extensão da nossa mão, certo? E a tentação de o usar enquanto conduzimos, muitas vezes, é grande. Mas saiba que esta atitude pode colocá-lo em sérios problemas.

Estatísticas revelam que o uso do telemóvel ao volante é um dos principais fatores de risco para acidentes de trânsito. Na última operação "Ao volante, o telemóvel pode esperar”, da responsabilidade da ANSR, GNR e PSP, foram fiscalizados presencialmente em 47.766 veículos, tendo sido registado um total de 427 infrações relativas ao uso indevido do telemóvel durante a condução. No período da campanha, registou-se um total de 2.769 acidentes, dos quais resultaram 15 vítimas mortais, 51 feridos graves e 878 feridos leves.
Enquanto os telemóveis proporcionam uma série de conveniências e funcionalidades, o seu uso inapropriado durante a condução pode ter consequências graves e até fatais. Neste contexto, é fundamental compreender os perigos associados a esta prática e estar ciente das penalidades previstas pela legislação.
Quando um condutor desvia o olhar da estrada para olhar para o telemóvel, mesmo que por apenas alguns segundos, está a comprometer a sua capacidade de perceber e reagir a eventos inesperados. Esta distração visual pode resultar na incapacidade de detetar sinais de trânsito, semáforos, peões ou outros veículos, o que aumenta o risco de colisões.
Além da distração visual, o uso do telemóvel ao conduzir leva também a uma distração cognitiva. Mesmo que os olhos estejam na estrada, a mente do condutor pode estar focada na conversa que teve ao telefone, numa mensagem de texto ou na leitura de notificações. Esta divisão de atenção diminui a capacidade de processamento de informações e pode resultar em atrasos nas reações a situações de trânsito imprevistas.
A combinação da distração visual e cognitiva resulta numa redução significativa da capacidade de reação por parte do condutor. O tempo necessário para reconhecer um perigo e tomar medidas corretivas aumenta drasticamente quando se utiliza o telemóvel ao volante, colocando não só o condutor em risco, mas também os outros utilizadores da via.
Todos estes fatores combinados podem culminar em acidentes graves e evitáveis.
Na alínea 1, do Artigo 84º, do Código da Estrada pode ler-se: "É proibida ao condutor, durante a marcha do veículo, a utilização ou o manuseamento de forma continuada de qualquer tipo de equipamento ou aparelho suscetível de prejudicar a condução, designadamente auscultadores sonoros e aparelhos radiotelefónicos."

Para reforçar o combate à utilização do telemóvel ao volante, em 2022, o governo aprovou alterações ao Código da Estrada. Estas mudanças resultaram na duplicação dos valores das coimas por uso indevido do telemóvel durante a condução.
Assim, a partir de janeiro de 2023, a multa por falar ao telefone enquanto se conduz aumentou para entre 250 euros e 1.250 euros.
A penalização acima referida é acompanhada, também, pela perda de três pontos na carta de condução. Para além das penalidades financeiras e de pontos perdidos, os condutores podem enfrentar, ainda, a possibilidade de suspensão da carta de condução e apreensão do veículo por um período de um mês a um ano.
Independentemente se for um telefonema, mensagem ou um check rápido às notificações, estar ao telemóvel enquanto se conduz constitui uma contraordenação grave.
Apesar das penalidades, é permitido fazer chamadas durante a condução, desde que sejam utilizados dispositivos permitidos pela lei, como nos diz a alínea 2 do Artigo 84. Estes incluem: aparelhos telefónicos com um único auricular (incluindo bluetooth), microfone, sistemas de alta voz ou kit mãos-livres.
Estes dispositivos são permitidos pois não desviam tão intensamente a atenção do condutor da estrada, uma vez que não requerem manuseamento contínuo, conforme estabelecido pela legislação.
A segurança no trânsito é responsabilidade de cada um de nós. Juntos, podemos contribuir para uma condução mais consciente e segura! Partilhe este artigo com amigos e familiares para promover uma cultura de segurança rodoviária mais sólida e consciente.